domingo, 17 de novembro de 2013

A Constante Inconstância de Um Caminhar




Entardece o tempo oculto    traço a traço     
Enquanto a vida   rasurada   se reescreve
Na insensatez de um verso encoberto  


Existimos na inevitabilidade de um poema
No contraponto oposto de um canto
No contratempo de um andamento suprimido
Na constante inconstância de um caminhar


Enquanto  inerte  o tempo acontece   deixando-nos para trás


Tudo é estreito   quando  das escolhas   sobram as sombras
Quando dos caminhos recolhidos   sobeja uma subterrânea via
Que  ao longe   se estende     Obstruída


Existimos na inevitabilidade de um poema abandonado
No interior de um verso volátil
Na frívola ambiguidade de uma esventrada utopia
Na evocação permanente de uma eternidade cansada


Somos do eco a imprevisível propagação 
A disseminação indevida de afastadas palavras
A teorização de uma caligrafia fundada na regra do infortúnio
Multiplicando rumores na razão desordenada


Escutamo-nos na subtileza confessional de um verbo
Existimos no mudo clamor da súplica intemporal


Somos o verso escuso     a promessa vã
O imprevisto discurso de uma desistência
A recusa de um indeclinável destino
A flagrante fraqueza de uma renúncia


Existimos na inércia de um adiado tempo
Na constante inconstância de um caminhar

Na púrpura denúncia de um perpétuo amor