Entardece o tempo oculto traço a traço
Enquanto a vida rasurada se reescreve
Na insensatez de um verso encoberto
Existimos na inevitabilidade de um poema
No contraponto oposto de um canto
No contratempo de um andamento suprimido
Na constante inconstância de um caminhar
Enquanto inerte o tempo acontece deixando-nos
para trás
Tudo é estreito quando das
escolhas sobram as sombras
Quando dos caminhos recolhidos sobeja uma subterrânea via
Que ao longe se estende Obstruída
Existimos na inevitabilidade de um poema abandonado
No interior de um verso volátil
Na frívola ambiguidade de uma esventrada utopia
Na evocação permanente de uma eternidade cansada
Somos do eco a imprevisível propagação
A disseminação indevida de afastadas palavras
A teorização de uma caligrafia fundada na regra do infortúnio
Multiplicando rumores na razão desordenada
Escutamo-nos na subtileza confessional de um verbo
Existimos no mudo clamor da súplica intemporal
Somos o verso escuso a promessa
vã
O imprevisto discurso de uma desistência
A recusa de um indeclinável destino
A flagrante fraqueza de uma renúncia
Existimos na inércia de um adiado tempo
Na constante inconstância de um caminhar
Na púrpura denúncia de um perpétuo
amor