«O verso constrói clausuras
Espaços retidos num tempo
Claustros de errático temor
Alongando infundadas esperas»
O mundo colapsa sepultando os versos
Fissurando a voz em ruínas
O desespero não se diz
não
se escreve
não
se canta
Espreita
No vermelhar raiado que avisto neste espelho
O corpo colapsa aluindo nas veias
O sopro em ruínas
A agonia não se escuta
não
se ouve
não
se entende
É voz detida no tempo
Como a quimera trespassada que distingo neste nevoeiro
Anoitecem tardes frias
Anoitecem velhos ritos
Anoitecem irrefreáveis fervores
Somos do sonho
A tentativa
A hipotética via
O desentendimento
Dissoluções esféricas na métrica de um verso
Infâmias
Possa o tempo afastar as palavras contaminadas
As destrua reconstrua e as devolva intactas
Ao poema que te precedeu