À margem do tempo
Além do firmamento
A metamorfose das horas
Sussurrantes
ambrósias são nascentes
primordiais
Âmbulas de água
Clepsidras coloridas
Ampulhetas invertidas
Todas as fecundas
fontes são enigmas iniciais
«Um sopro e uma sépala de prata
Perene o pólen protege a entrada
Selene aguarda»
Extensas são as planícies Plenas
Plenos são os planaltos Extensos
São de jade os jardins
De jade e de jasmim
São secretas terras Vastas
searas em safiras semeadas
São recriadas Eras Safras
colhidas Recolhidas
em cristais
São veios que se estendem
e margens que confluem
em rubros cursos de
rubi
É a iluminante alquimia da cor na sua inédita
tonalidade
É a madrugada que arvorece em luminosas fulgurâncias
«Um sopro
sagrado e uma pétala de prata
Um rosto em
rubor Um divino rumor
Solenes passos
dobrando rosados adros»
Sobre os tempos sopram ventos madrigais
Incandescentes desígnios em descendimento
Ventos sobre o vento
Sussurrantes chamamentos
Evocantes coros celestiais
Agitando alturas
Alterando altares
Refirmando firmada morada
É o imóvel movimento das estátuas
formando veneradas formas
São sagradas gravuras
animadas figuras
utopias figuradas
de forma humana
É o culto milenar da esfinge e a inviolável candura da imortalidade
São os primitivos ritos
É o mito restituído à palavra como fluido intemporal
É o secular tributo do sonho como ínsito sentido do verso
«Um sopro e um luar de prata»
.